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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

Somos todos comércio

A polissemia da significância de venda não se aplica apenas a tudo aquilo que perde valor, mas àquilo que não nos oferece retorno e que nos impede de escolher. A gente passa a vida se vendendo. Vendemos tudo que é importante e até aquilo que chega a ser letárgico, de tão fútil. Vendemos as nossas vontades em prol do consenso. Vendemos as horas de estudo para entrarmos em Universidades conceituadas. Em consequência, depois de graduados, passamos a vender as horas de trabalho em empresas maravilhosas ou horríveis, a fim de conseguirmos notas e mais notas, que nos banquem nos fins de semana, nas viagens feitas, em um consumismo sequencial e sem fundamentação, majoritariamente. Nós vendemos nosso tempo gastando com coisas tão superficiais quanto vossas maquiagens e sapatos lustrados. Vendemos nossa companhia com alguém que, em um ano, não lembrará nosso nome, no mínimo. Vendemos o bom senso quando nos sentimos ameaçados. Vendemos nosso nome a um registro. Vendemos nosso rumo, nossa c...

Desculpem

A verdade é que sempre gostei de ser do mundo. Sempre gostei de sentir o vento entrando pela janela do meu quarto fazendo com que eu me arrepiasse. Sentindo isso, eu tinha certeza de que possuía o mundo em minhas mãos. Sentindo isso, eu via a perspectiva a um passo de se concretizar.  Nas noites com ventos gelados, vendo os inúmeros apartamentos com luzes acesas, eu só tinha uma certeza: Eu sou do mundo. Não me prendam a nada, a ninguém. Deixem-me livre. Prender-me em algo, seja pelas mãos, pelos pés, em um abraço, num beijo, ou em um "até logo!" me desconserta, como se algo me roubasse a sanidade ou a liberdade. Como tenho medo de perdê-las! Quando vejo que os caminhos se afunilam e tendem a ser seletivos e definidos, eu me perco, saio da janela, fico com medo do vento e não consigo mais senti-lo com a mesma felicidade de antes.  No entanto, por mais que no fim do dia, sempre termino sozinha, nunca reclamei disso, porque, afinal de contas, essa solidão é uma virtu...

Ciclos

Esse muro que ergui Foi pra me defender Assim como a síndrome do pânico tentou me derrubar anos atrás e dela fiz um muro O isolamento aqui machuca Sei que é necessário Não o que quero, entende? Amanhã passa, ou talvez não. 31/01/17