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Mostrando postagens de 2016

Não se engane, meu bem...

Bem, na verdade, ela não está. Ela fala que sim a todos que perguntam se ela está bem.  Afinal de contas, explicar o porquê de não estar bem levaria dias, uma vida inteira talvez. Quando era pequena deixou sua cidade natal e passou a morar em uma desconhecida. Aos doze anos, ela encantou-se pela saia de pregas que ganhara e, por consequência, pela moda, a partir disso.  Aos dezessete conheceu a pessoa que amou, casou e teve um filho.  Anos depois sofreu um acidente traumático, cruel e que sugou todas suas energias.  Ela ficou um ano hospitalizada por conta disso e reconstituiu a face.  Reconstituiu a face de novo,  de novo  e de novo.  Aos vinte e quatro teve um filho.  Mais tarde, separou-se da pessoa que amou  e passou a ser sozinha.  Ela e o filho.  Quando perguntavam: - Como você vai? - Vou bem, obrigada - ela dizia. Frequentou inúmeros cursos sobre moda e tornou-se consultora do assunto.  Não construiu...

sobre um ano bissexto

A gente abre uma vodka e faz um drink daqueles. Já puxamos uma cadeira e sentamos, acendemos um cigarro talvez, esticamos o braço e as pernas e olhamos para fora para onde tenha um céu que te dê respostas às perguntas que te atormentam às perguntas que nunca responderam ou souberam responder daquelas do gênero de "Deus existe?" de natuereza inconsciente, existencialistas Então a gente faz outro drink, senta na mesma cadeira e espera o dia tomar outra forma, espera a madrugada, espera uma ligação, espera alguém. Os três sempre tardam em chegar. A gente acende outro cigarro, arruma o cabelo, troca de sapato ou de camisa, abre o botão da calça, e olha pra fora ninguém ainda respondeu. Outro dia a gente faz a mesma coisa, mais uma vodka, um drink, um cigarro, uma ligação não atendida, uma pergunta não respondida. Fazemos isso por anos, com o intuito de entender o sentido desse mundo Tão difícil entender sua expansão, sua extensão, sua complexidade, suas cu...

Vamos ser?

Ser capaz de enxergar que um dia cinzento também tem vida, de sentir que a chuva nem sempre molha, que o que parece ser quente, às vezes, é frio, que o vento nem sempre traz tempestade. Ser capaz de ver que as flores murchas também têm sua beleza. Somos treinados para apreciar o belo e o que não é, por sua vez, cai em segundo plano. Perdemos tanta coisa por conta desse hábito. Sinto muito. Precisamos que nos ensinem de novo e de novo, quantas vezes forem necessárias, para não mais ver a natureza como verde e azul, como só floresta e mar, mas ver que o que integra a sua composição é tão importante e significante quanto o seu contexto e aspecto geral. Sejamos críticos. Fran

OnDe vocêS eStão?

Saudade dos barulhos das chaves quando eu chegava de madrugada, dos fogos de artifício, do cão latindo com medo, dos tios gritando, do "vem tirar foto!" Saudade  Dessa montanha russa Dessa roda gigante Desse cubo (não)mágico Desse colorido Dessa falta de linearidade Desse aleatório Desse se der deu, se não já era Amanhã é um novo dia O sol sempre nasce de novo, não é mesmo? Vem outra energia Saudade Da vida Das pessoas,  Do movimento, Das brigas, Da mão pesada,  Da faca na mão Saudade Daquilo que não poderia ter sido, já diria Cristóvão Tezza. Fran 02h00 29/09/16

Florescência

Eis que a fruta quando madura cai do pé Quando imatura ainda persiste Precisa de vida Luz Sombra Vento Sabedoria Quando imatura ainda persiste Precisa de vida De sanidade Uma vez basta Sim ela ainda precisa De tempo A distância até o chão é a representação da sua maturidade Quando pronta Ela cai E lá fica Agora ela não precisa Ela já é Sua precisão Ela basta.                                                                                                                                                                                 ...