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Desconstrução

Em um dia desses, ela saiu através da porta da minha casa dizendo que não retornaria mais.
Hoje, esse adeus completa alguns anos e o bom disso é que não sinto nada. Na verdade sinto: indiferença. Por a data estar fazendo aniversário, consigo lembrar de alguns flashes de pessoas que passaram pela minha vida e me aconselharam sobre situações assim. Elas diziam que pessoas partem e não devemos impedi-las. Além de me alertarem que, às vezes, é nosso dever parar de fazer questão e, olhe que não estou falando de casos amorosos. Falo sobre as relações com amigos, com a família, com nossos professores e vizinhos que, construímos tão fortes, por uma ótica, mas tão frágeis, por outra. Sobre essas relações, elas me diziam que chegaria um dia em que eu simplesmente pararia de ligar para o que fazem para mim. Elas falavam que um dia eu chegaria em casa e não teria mais que olhar o celular, com a esperança de ver uma mensagem -que satisfizesse meu ego, sabemos. Para elas, esse dia seria como um divisor de águas, como um renascimento em que você, por conta própria, construiria novamente seu amor próprio e autoconfiança, tão desgastado e deixado em segundo plano, por sempre priorizar quem estava ao seu lado. Hoje, eu lembro desses mesmos conselhos, com um olhar tão maduro e seguro sobre tudo, porque sei quem sou. A insegurança bate à porta quando envolve terceiros, pois não os conheço e, mesmo que eu queira conhecê-los, eles nunca estarão tão inteiros ou nunca serão tão transparentes quanto eu. Veja bem, não falo isso com orgulho. Pelo contrário. Falo com muita humildade e, se não for muita audácia, com inferioridade, porque, para mim, parece que estou no ambiente errado, na geração errada, convivendo com pessoas que não me correspondem, perseguindo um sonho que não é meu, até  porque não sei quais são meus sonhos. Parece que estou vivendo uma vida tão incoerente e sem nexo, não porque eu não encontro meu eixo. Assim como disse anteriormente, eu sei quem sou, mas o que me priva muitas vezes de viver algo incrível e o que me intriga são as pessoas. Tão baixas, muitas vezes. Tão paradoxalmente desumanas e sem perspectiva de benevolência. Tão sem papo, sem opinião, sem vontade de conhecer outrem que não seja agradável aos olhos. Tão sem força de vontade, passíveis de desistência, sempre.
Ela saiu pela porta aquele dia e me trouxe uma visão de mundo totalmente diferente da que eu tinha há alguns anos. Sinto saudades, além de indiferença.
Fique em paz, onde estiver.

Fran
18h36
28/01/2017

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