Para o banho você tira sua roupa de marca, seu terno, sua calça de alfaiataria. No banho, você se vê livre das etiquetas. No banho, você é só mais um fazendo o que todos fazem - ou que deveriam. No banho, você volta ao estado primário, à gênese. No banho, você é comum, igual aos demais.
No banho, seu cabelo chapado, quando em contato com a água, fica da mesma forma daquele pixaim que você tanto abomina. No banho, você não tem títulos para apresentar e, lá, não importa qual ou quantos canudos acadêmicos tens, se foi laureado ou não. No banho, não importa se você é chefe ou subordinado. No banho, não importa quanto você fatura.
No banho, não importa se você está abaixo ou acima do peso. No banho, não importa se sua voz não fica bonita pelo celular. No banho, não importa se você é tímido. No banho, não importa se é solteiro ou casado. No banho, não importa se tem berço ou não. No banho, não importa quantas viagens você fez. No banho, não importa se você é mais bronzeado, mais alto, mais simétrico ou o corpo mais bonito.
No banho, queremos a leveza de espírito que fora perdida com tantas responsabilidades.
No banho, temos o intuito de que a água leve pelo ralo tudo aquilo que serviu de registro no dia para que, em seguida, possamos dormir para esquecer.
No banho, somos todos pele e osso.
Fran
22h59
No banho, seu cabelo chapado, quando em contato com a água, fica da mesma forma daquele pixaim que você tanto abomina. No banho, você não tem títulos para apresentar e, lá, não importa qual ou quantos canudos acadêmicos tens, se foi laureado ou não. No banho, não importa se você é chefe ou subordinado. No banho, não importa quanto você fatura.
No banho, não importa se você está abaixo ou acima do peso. No banho, não importa se sua voz não fica bonita pelo celular. No banho, não importa se você é tímido. No banho, não importa se é solteiro ou casado. No banho, não importa se tem berço ou não. No banho, não importa quantas viagens você fez. No banho, não importa se você é mais bronzeado, mais alto, mais simétrico ou o corpo mais bonito.
No banho, queremos a leveza de espírito que fora perdida com tantas responsabilidades.
No banho, temos o intuito de que a água leve pelo ralo tudo aquilo que serviu de registro no dia para que, em seguida, possamos dormir para esquecer.
No banho, somos todos pele e osso.
Fran
22h59
Deslumbrante, Francielle! Há muito tempo eu não me deparava com um post tão ao mesmo tempo tocante e inteligente. E, de quebra, muito bem escrito! Meus aplausos! Work of art!
ResponderExcluirGK
Obrigada GK. Fico muito honrada com suas palavras e seu feedback de sempre! É muito importante pra mim! =)
ExcluirBela reflexão, que possamos nos desvencilhar dos rótulos, das posições sociais e da expectativa alheia, mais vezes.
ResponderExcluirSuas palavras são incríveis e a maneira como organiza as ideias também.
Beijo franzoca.
Fico feliz que tenha gostado! =)
ExcluirMil beijosssss
No banho o chuveiro lacrimeja junto a nós, no banho não nos esquecemos - lembramos. Dos sonhos um dia esquecidos, das músicas guardadas no fundo do baú, dos desencontros amorosos e da falta do encontro, de si mesmo no outro. Junto a cada gotícula, escorremos pelo ralo com nossa modernidade líquida. O banho, mais uma maneira de rememorar a inconcretude do ser - de ser. No banho estamos mais uma vez sozinhos, dedicando-nos a limpar aquilo que não pode ser limpo. Saímos, roupas imaculadas e mascara colocada. Ainda estamos imundos, ainda nos sentimos sem mundo.
ResponderExcluirOnde está meu celular? Acabei pensando demais.
A vantagem do banho. É que limpamos a sujeira e lixo que somos. Somos todos sujos. Magoando qu nos quer bem, nos perdendo de nós mesmo. Acabando virando seres sujos e ocos, por mais quente que o banho seja.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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