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Mostrando postagens de 2017

monólogo

e quando a ferida sangrar lembre: Que teus olhos transmitem a verdade Tuas palavras a essência e teus atos a clareza e que também lembre: Que minha verdade é explícita e nítida Minhas palavras, inconfundíveis e meus atos, eu. Lembre que eu fui eu. 07/11 02h09 Fran

Em uma madrugada de julho

O que separa quem detém daqueles que provêm? O que separa o homem que colhe seu sustento do lixo daquele executivo? O que separa o barraco na favela da casa de alto padrão? O que separa a educação do trabalho? O que separa aquele que trabalha com seus perfeitos arremates sequenciais daquele que cumpre suas funções tão bem protegidas em oito horas diárias?  O que separa a alta sociedade da baixa? O que separa a intelectualidade da ignorância?  E pior, o que separa essa primeira da arrogância, da prepotência? O que separa a criação da imitação? O que separa a virtude da reprodutibilidade? O que separa o dinamismo do comodismo?  O que separa o objetivo do subjetivo? O que separa a interpretação da intertextualidade? O que separa o contexto social da psicologia da multidão? O que separa os bons costumes do grotesco? E por fim, o que separa a sorte do azar? O certo do errado? O feio do bonito? Aliás, é real? O que separa essas dicotomias? O que separa a humanidade é ...

à noite

Eu nunca tive medo do escuro porque as coisas sempre fizeram mais sentido nele. A noite, por relação, também não me assusta. A noite, por mim, é entendida, sempre, como um momento de reflexão. Ela muito me ensinou e tem muito a me ensinar. A  noite, assim como o escuro, dá significância às coisas. Dá coerência, relevância, importância. As coisas à noite são mais plausíveis, menos abstratas e mais leves, de fato. À noite, diferentemente das manhãs e tardes, é a hora em que baixam-se as inquietudes e reinam-se as inseguranças. Há de convir, os momentos em que mais nos questionamos sobre as verdades da vida são os que geralmente nos encontramos sós e os que não nos exigem manifestação por complacência, digo, por conveniência. Ora, à noite. À noite somos origem de uma série de pequenos progressos e regressos, por autoconhecimento, pois só nela, há o entendimento como observador de si. Só a noite proporciona esse olhar que não atua, não é agente, mas assiste e promove mudanças. Não digo...

síntese

[...] eu o haveria de desiludir sem palavras, por um só olhar que é o espelho menos mentiroso da alma. Não uso disfarce, não dissimulo no rosto o que não sinto no coração. Sou sempre igual a mim mesma [...] De fato, os homens encontram seu supremo prazer naquilo que soa totalmente estranho. Sua vaidade tem interesse nisso; eles riem, aplaudem, movem as orelhas como os asnos para mostrar que entenderam muito bem. [...] Erasmo de Rotterdam em Elogio da Loucura

Blissful Solitude

O mundo está doente estamos todos doentes doentes por egoísmo doentes pela modernidade doentes pela solidão doentes pela falta de compreensão Essa aleatoriedade é tóxica Invasiva Fere cada vez mais Essa injeção carregada de pluralidades não demora pra fazer efeito A gigantesca oferta de informações, produtos e pessoas me cega e me tira meu norte Essa incompletude que aperta meu peito e tira a minha sanidade enfrenta as barreiras que o século XXI trouxe Felizes aqueles que não se sentem sós Felizes aqueles que não se sentem pressionados Felizes aqueles que não têm cobranças Felizes aqueles que nunca pensaram nisso. 01/07 16h49

sábado à noite

Eu tenho medo de que todo esse esforço depositado em um objeto pode me trazer pouco ou insuficiente. Medo de o resultado não ser frutífero e não me proporcionar novos horizontes. Medo de ter perdido tempo, energia e muita paciência! Medo de acabar sozinha, não no sentido literal, mas de no fim dessa aventura olhar para trás e ter absorvido pouco ou não restar nada material ou concreto que me faça suspirar e ter a certeza de que valeu a pena. 03/06 18h38

No banho

Para o banho você tira sua roupa de marca, seu terno, sua calça de alfaiataria. No banho, você se vê livre das etiquetas. No banho, você é só mais um fazendo o que todos fazem - ou que deveriam. No banho, você volta ao estado primário, à gênese. No banho, você é comum, igual aos demais. No banho, seu cabelo chapado, quando em contato com a água, fica da mesma forma daquele pixaim que você tanto abomina. No banho, você não tem títulos para apresentar e, lá, não importa qual ou quantos canudos acadêmicos tens, se foi laureado ou não. No banho, não importa se você é chefe ou subordinado. No banho, não importa quanto você fatura. No banho, não importa se você está abaixo ou acima do peso. No banho, não importa se sua voz não fica bonita pelo celular. No banho, não importa se você é tímido. No banho, não importa se é solteiro ou casado. No banho, não importa se tem berço ou não. No banho, não importa quantas viagens você fez. No banho, não importa se você é mais bronzeado, mais alto, ma...

Somos todos comércio

A polissemia da significância de venda não se aplica apenas a tudo aquilo que perde valor, mas àquilo que não nos oferece retorno e que nos impede de escolher. A gente passa a vida se vendendo. Vendemos tudo que é importante e até aquilo que chega a ser letárgico, de tão fútil. Vendemos as nossas vontades em prol do consenso. Vendemos as horas de estudo para entrarmos em Universidades conceituadas. Em consequência, depois de graduados, passamos a vender as horas de trabalho em empresas maravilhosas ou horríveis, a fim de conseguirmos notas e mais notas, que nos banquem nos fins de semana, nas viagens feitas, em um consumismo sequencial e sem fundamentação, majoritariamente. Nós vendemos nosso tempo gastando com coisas tão superficiais quanto vossas maquiagens e sapatos lustrados. Vendemos nossa companhia com alguém que, em um ano, não lembrará nosso nome, no mínimo. Vendemos o bom senso quando nos sentimos ameaçados. Vendemos nosso nome a um registro. Vendemos nosso rumo, nossa c...

Desculpem

A verdade é que sempre gostei de ser do mundo. Sempre gostei de sentir o vento entrando pela janela do meu quarto fazendo com que eu me arrepiasse. Sentindo isso, eu tinha certeza de que possuía o mundo em minhas mãos. Sentindo isso, eu via a perspectiva a um passo de se concretizar.  Nas noites com ventos gelados, vendo os inúmeros apartamentos com luzes acesas, eu só tinha uma certeza: Eu sou do mundo. Não me prendam a nada, a ninguém. Deixem-me livre. Prender-me em algo, seja pelas mãos, pelos pés, em um abraço, num beijo, ou em um "até logo!" me desconserta, como se algo me roubasse a sanidade ou a liberdade. Como tenho medo de perdê-las! Quando vejo que os caminhos se afunilam e tendem a ser seletivos e definidos, eu me perco, saio da janela, fico com medo do vento e não consigo mais senti-lo com a mesma felicidade de antes.  No entanto, por mais que no fim do dia, sempre termino sozinha, nunca reclamei disso, porque, afinal de contas, essa solidão é uma virtu...

Ciclos

Esse muro que ergui Foi pra me defender Assim como a síndrome do pânico tentou me derrubar anos atrás e dela fiz um muro O isolamento aqui machuca Sei que é necessário Não o que quero, entende? Amanhã passa, ou talvez não. 31/01/17

Desconstrução

Em um dia desses, ela saiu através da porta da minha casa dizendo que não retornaria mais. Hoje, esse adeus completa alguns anos e o bom disso é que não sinto nada. Na verdade sinto: indiferença. Por a data estar fazendo aniversário, consigo lembrar de alguns flashes de pessoas que passaram pela minha vida e me aconselharam sobre situações assim. Elas diziam que pessoas partem e não devemos impedi-las. Além de me alertarem que, às vezes, é nosso dever parar de fazer questão e, olhe que não estou falando de casos amorosos. Falo sobre as relações com amigos, com a família, com nossos professores e vizinhos que, construímos tão fortes, por uma ótica, mas tão frágeis, por outra. Sobre essas relações, elas me diziam que chegaria um dia em que eu simplesmente pararia de ligar para o que fazem para mim. Elas falavam que um dia eu chegaria em casa e não teria mais que olhar o celular, com a esperança de ver uma mensagem -que satisfizesse meu ego, sabemos. Para elas, esse dia seria como um div...

"O que eu quero?!" - Tim Maia

Quando a noite vem, eu penso que  Nessas curvas de estradas mal conhecidas Vagamos em busca de uma correspondência social Pode ser uma pessoa, na pior das hipóteses, ou um lugar, na melhor delas Vagamos por anos entrando e saindo de vidas que nos ensinam, mas não preenchem Vagamos procurando aquilo que nos sossegue. Hoje eu entendo Tim Maia, não só ele queria sossego... Estamos todos sob o resplandecer da eletricidade  Sob a efervescência do entusiasmo Sob o sol queimando a pele Mas no fundo Nos domingos de manhã nos quais você acorda só, Na volta da festa, Na hora de ir dormir, Nessas horas queremos sossego Paz de espírito Completude Autossuficiência, talvez? Vagamos, virando esquinas e mais esquinas, frequentando bares e bares, com o intuito de encontrar uma essência que seja forte e satisfatoriamente suficiente para nos acalmar e passível de colocar nossos monstros para dormir. Hora de acordar,  Bom dia! Fran